FCDL-RS e Escola de Negócios da PUCRS projetam crescimento moderado da economia e do comércio em 2024

12 de dezembro de 2023
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Entidades avaliam que propostas de aumento de impostos e redução de postos de trabalho causam insegurança aos setores produtivos e impedem uma maior expansão econômica

 

A Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul – FCDL-RS espera que o ano de 2024 traga definições importantes que produzam uma nova fase de crescimento econômico no Rio Grande do Sul e no Brasil. Para isso, considera fundamental reduzir a inflação de modo consistente e dar continuidade à queda da taxa de juros, o que gera crédito mais barato e amplia o consumo.

 

A projeção para o próximo ano, além da análise do que foi 2023 para o comércio e para a economia de modo geral, foi apresentada nesta terça-feira (12/12), em entrevista coletiva, pelo presidente da FCDL-RS, Vitor Augusto Koch e pelo economista e professor da Escola de Negócios da PUCRS, Gustavo Inácio de Moraes.

 

O presidente Vitor Augusto Koch salientou que 2023 se encerra com algumas perspectivas positivas, indicando, porém, a necessidade de ampliação do trabalho de saneamento das contas públicas, da atração de investimentos e da melhoria do ambiente de negócios para quem gera emprego e renda, tanto no Rio Grande do Sul quanto no Brasil.

 

– É fundamental termos gestões públicas eficazes e eficientes, tanto em nível estadual quanto federal, que nos ajudem a impulsionar o círculo virtuoso da economia e a acelerar o crescimento de todos os setores produtivos, em especial, o comércio – avaliou Vitor Augusto Koch.

 

O dirigente salientou que as projeções para 2024 apontam que o próximo ano não deve ser muito diferente de 2023 no aspecto econômico. Nesse sentido, o professor Gustavo Inácio de Moraes enfatizou que mesmo a continuidade da queda da taxa básica de juros precisa vir acompanhada de outras medidas, especialmente voltadas a captação de investimentos.

 

– Mesmo o crescimento de 0,1% do PIB no terceiro semestre deste ano, na comparação com o trimestre anterior, reforça essa percepção, já que mostra uma desaceleração da atividade econômica, com queda de 2,5% nos investimentos ante o segundo trimestre do ano. Portanto, a perspectiva de longo prazo somente pode ser modificada com mudanças mais profundas, as quais temos chance de fazer em 2024. Entre elas, uma reforma tributária equilibrada, um realinhamento das contas públicas e uma liberação de crédito significativa para setores de infraestrutura – ressaltou Gustavo Inácio de Moraes.

 

Retomada do comércio x aumento de tributos

 

O presidente Vitor Augusto Koch pontuou, também, que existe uma grande apreensão da sociedade gaúcha para 2024, na medida em que a possibilidade de aumento da alíquota modal do ICMS, de 17% para 19,5%, caso seja concretizada e vigore no próximo ano, causará o empobrecimento dos gaúchos, diminuirá a competitividade do estado e afugentará empreendimentos para outras unidades federativas com menor carga tributária.

 

– Precisamos manifestar, com forte mobilização da sociedade, nossa contrariedade à medidas que projetam o aumento de carga tributária e a redução na geração de empregos e renda. Vemos essa proposta de aumento da alíquota do ICMS e o veto do presidente da República à desoneração da folha de pagamento como medidas que impedem o avanço econômico, gerando aumento de custo das empresas e perda de milhares de postos de trabalho. E a FCDL-RS não concorda com essas ações de forma alguma – afirmou o dirigente.

 

Além disso, ele lembrou que o aumento do ICMS proposto pelo governo estadual, caso seja aprovado, representará um incremento de aproximadamente 15% no ICMS, gerando uma elevação de preços em cascata que afetará todos os setores produtivos, de forma muito especial o comércio, pois vai diminuir a renda das famílias e retrair o consumo.

 

Diante deste cenário, Vitor Augusto Koch e Gustavo Inácio de Moraes acreditam que a queda da taxa de juros, ficando em torno de 10% ao ano, em termos nominais, no primeiro semestre de 2024, poderá dar um alento aos consumidores, o que representa perspectivas mais positivas ao comércio.

 

– Acelerar a concessão de crédito, ajudando a reativar a aquisição de bens duráveis, cujo consumo segue em queda por causa dos juros altos e do endividamento das famílias, é imprescindível para expandir o crescimento do comércio em 2024. Importante, também, fortalecer o mercado de trabalho, com a implementação de políticas públicas que favoreçam a criação de novos postos de trabalho. Mais geração de renda fortalece o orçamento das famílias, impulsiona o consumo e movimenta a roda da economia positivamente – lembrou Vitor Augusto Koch.

 

O presidente da FCDL-RS voltou a afirmar que os gaúchos e os brasileiros esperam por ações governamentais e legislativas que produzam uma nova fase de crescimento econômico, com responsabilidade e senso de missão pública pelos formuladores de política.

 

São necessárias medidas coerentes e que busquem soluções permanentes ao invés de soluções fáceis e passageiras, para que o crescimento econômico seja maior do que os 2% ao ano projetados para 2024.

 

Aos comerciantes, diante do momento que segue sendo de incerteza, será fundamental manter o diálogo permanente com os clientes, criar promoções e ofertas e facilitar, na medida do possível, a aquisição de produtos. São os intrumentos pelos quais passará a incremento do comércio do Rio Grande do Sul e do Brasil no próximo ano.

 

Como foi 2023

 

A FCDL-RS considera, de forma geral, o ano de 2023 como animador para o comércio gaúcho, especialmente os segmentos de bens não duráveis e semiduráveis. Os bens duráveis, por sua vez, não apresentaram resultados expressivos de comercialização.

 

O comércio varejista gaúcho, considerados os seus setores tradicionais, cresceu no acumulado de janeiro a setembro de 2023, 2%. Esse crescimento foi ligeiramente superior à média nacional (1,8%) e superior ao dos estados de São Paulo (0,5%) e Paraná (1,4%), contudo ainda inferior ao de Santa Catarina, que cresceu 2,9%.
Já no varejo ampliado, onde se situam bens duráveis como automóveis e material de construção, o crescimento foi de apenas 1,1%, sendo a média nacional de 2,4%. São Paulo e Santa Catarina tiveram desempenhos bastante superiores ao do Rio Grande do Sul, registrando 3,4% e 2,4% respectivamente. Portanto, o desempenho regional do segmento continuou aquém do esperado. A venda de veículos, por exemplo, se sustentou, em boa parte do ano, através da facilidade gerada por subsídios públicos.

 

– Diante do que projetávamos ao final de 2022, ou seja, ter cautela nas estratégias de negócios ao longo de 2023, podemos dizer que o ano que está findando foi razoável para o comércio do Rio Grande do Sul. As vendas seguiram o ritmo de crescimento, embora não na maneira que esperávamos após superarmos a pandemia – explicou o presidente Vitor Augusto Koch.

 

Portanto, 2023 confirmou que o cenário segue sendo desafiador para o setor do comércio no Rio Grande do Sul. Boa parte do ano teve como inibidor de maior consumo por parte da população a elevada taxa Selic, que encareceu o crédito e gerou o crescimento da inadimplência, fatores que afetaram a comercialização dos bens de maior valor agregado.

 

Na avaliação do economista Gustavo Inácio de Moraes, essa desaceleração do ritmo de crescimento das vendas pode ser justificada por outros entraves além da taxa de juros e da inadimplência, como as incertezas do mercado em relação a política econômica do país, a discussão em torno de uma reforma tributária com vários pontos a serem regulamentados por leis complementares, a não total recuperação do poder de consumo da população e, especialmente aqui no Rio Grande do Sul, os desastres naturais que causaram perdas irreparáveis para centenas de famílias e milhares de empresas de diversos municípios, principalmente do Vale do Taquari.

 

Um aspecto importante a ser considerado na trajetória do comércio gaúcho em 2023 foi a gradual recuperação da empregabilidade no setor, tão afetado por fechamento de postos de trabalho ao longo dos anos anteriores, especialmente 2020 e 2021.

 

De janeiro a outubro deste ano, segundo dados do Novo Caged, o comércio teve um saldo positivo de quase 9 mil postos de trabalho. Atualmente, o comércio emprega cerca de 632 mil pessoas no Rio Grande do Sul, cerca de 17% dos empregos formais do estado, também de acordo com os dados do Novo Caged.

 

Confira a íntegra da apresentação da FCDL-RS no link abaixo:

FCDL (2)

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