A Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul – FCDL-RS entende que somente com uma política econômica consistente o Brasil, e, por consequência. o Rio Grande do Sul, poderão superar os grandes desafios que terão pela frente em 2025.
A projeção para o próximo ano, além da análise do que foi 2024 para o comércio e para a economia de modo geral, foi apresentada nesta quinta-feira (05/12), em entrevista coletiva, pelo presidente da FCDL-RS, Vitor Augusto Koch e pelo diretor de Desenvolvimento Econômico da Federação, economista e professor da Escola de Negócios da PUCRS, Gustavo Inácio de Moraes.
É fato que os desastres climáticos marcaram o ano de 2024 do Rio Grande do Sul. Diante disso, Vitor Augusto Koch e Gustavo Inácio de Moraes reforçaram a necessidade do estado estar preparado adequadamente para eventos futuros, reerguendo as possibilidades e vocações dos gaúchos, reinventando atividades e projetos para tanto em nível estadual quanto municipal.
A enchente que atingiu o estado em maio deste ano acabou por interromper o bom momento do comércio no Rio Grande do Sul, que apresentava, na comparação com estados vizinhos um final de 2023 e início de 2024 encorajador, principalmente nos segmentos tradicionais do setor. Como esse ritmo foi impedido de ser mantido, entraram em ação auxílios federais e programas do governo estadual, além de ações pontuais dos municípios, para viabilizar uma retomada significativa da atividade econômica gaúcha.
Estes estímulos, ao natural, acabaram por beneficiar o setor de segmentos de comércio ampliado, especialmente materiais de construção, que vinham desempenhando mal nos últimos dois anos.
A FCDL-RS aponta que os estímulos tiveram o mérito de permitir o início da reconstrução, fazendo reagir setores que tinham mal desempenho causado pelas condições do mercado de crédito, como juros altos, custos de produtos importados crescentes e dificuldades de parcelamento da população pelo comprometimento de renda. Os estímulos, em uma expressão, foram capazes de gerar reação.
Entretanto, os indicadores demonstram que os auxílios governamentais, apesar de importantes, foram de fôlego curto para o comércio gaúcho, durando de dois a três meses para a maioria dos segmentos do comércio. Portanto, cumpriram apenas uma parte da necessidade do setor. Enquanto foram importantes para religar a economia gaúcha, não desempenharam suficiente para sustentar um efeito multiplicativo permanente.
Grandes desafios pela frente
Vitor Augusto Koch e Gustavo Inácio de Moraes reforçaram que para haver uma manutenção do ritmo de atividade gaúcho em patamar elevado será preciso depender de novos estímulos ou de investimentos adequados do ponto de vista estratégico, melhorando a infraestrutura, gerando empregos qualificados e oportunizando uma reinvenção do espaço econômico do Rio Grande do Sul, com novas matrizes de produção inseridas em cadeias produtivas que criem empregos e renda, além de inovação.
A recuperação efetiva somente será consolidada com escolhas de matrizes produtivas que impactem e proporcionem independência econômica para as localidades. Esse é o primeiro desafio para o comércio gaúcho em 2025.
O segundo desafio está na política econômica do governo federal. Ao optar por uma linha estratégica distinta daquela adotada em seu primeiro mandato, entre 2003 e 2006, o presidente Lula afasta-se da condição de estadista e aproxima-se da condição de populista. Não é porque o debate político encontra-se polarizado que o presidente necessite ser marcante em linhas econômicas.
Ao contrário, ao ser racional em decisões econômicas, especialmente nas questões fiscais, permitiria um afrouxamento da política monetária e possibilitaria um crescimento econômico consistente. Renunciando a um ajuste fiscal vigoroso o governo federal aposta em um curto prazo que se esgota e abandona à possibilidade de um crescimento robusto em médio e longo prazos. Este é o segundo desafio para o comércio em 2025.
Isto significa que o governo irá necessariamente aumentar as receitas para realizar um ajuste fiscal? Na avaliação da FCDL-RS, não. A entidade apoia a correção do imposto de renda para aqueles que ganham até próximos de 4 salários-mínimos. E entende que mesmo abrindo mão dessa receita é possível cortar gastos, pois a essência do setor público é encontrar soluções para a população. Soluções criativas, que busquem gestão e eficiência, permitem com que a população seja atendida sem a necessidade de aumento de gastos.
A isenção do Imposto de Renda para os assalariados até 5 mil reais, além de construir justiça tributária ao reconhecer os índices inflacionários não observados na tabela, proporcionaria um novo estímulo de consumo para uma faixa de população em que as carências são grandes. Nesse sentido, é possível visualizar expressivos benefícios para os setores de habitação, vestuário, higiene pessoal e alimentação fora do domicílio.
Esta seria uma importante notícia para as famílias brasileiras. Além de proporcionar estímulo adicional para o comércio brasileiro e gaúcho, criaria uma força de consumo, no bolso das famílias, de quase R$ 40 bilhões anuais, sendo em torno de R$ 3 bilhões no Rio Grande do Sul.
Este é o terceiro desafio para o comércio gaúcho em 2025.
Para o final de 2025, apesar dos imensos obstáculos, a FCDL-RS acredita que, apesar das pressões inflacionárias, câmbio pressionado e a perspectiva de taxa Selic de pelo menos 13,5% ao ano, que o governo federal possa corrigir seu impulso e relembre a eficácia da política econômica de duas décadas atrás.
Logo, a diminuição do crescimento econômico projetado em 2025 para o Brasil poderá ser revertida na medida em que não se insista em reinventar a roda. Uma política econômica consistente permitirá que todos afinal reconheçam a responsabilidade de nossos formuladores de política e, mais importante, permitam a população a sensação de prosperidade.