Palavra do Presidente
Iniciemos com uma questão curiosa: alguém conhece algum datilógrafo profissional? Ao contrário do que se imaginava, a função não está extinta. De acordo com a RAIS de 2018, existiam, naquele ano, no Brasil, 8.994 profissionais deste ramo. Intrigante é que 81,3% destes trabalhadores estão empregados no setor público.
Outro dado importante: de acordo com estudo feito pela Fundação Dom Cabral, dentre os 20 países com maior PIB do mundo, o Brasil é o que tem o maior custo logístico, representando 12,37% do faturamento das empresas, diante de 8,5% nos EUA e 10% na China.
Ainda mais um estudo, desta vez da consultoria britânica, Sage, o qual concluiu que as micro, pequenas e médias empresas brasileiras desperdiçam 120 dias por ano, ou seja 1/3 do ano, em atividades burocráticas.
Todos estes e outros fatores são somados a uma lista de ineficiências nacionais, que perfazem o chamado “Custo Brasil” que caracteristicamente vitima empresas e cidadãos no nosso país a pagar mais caro do que o resto do mundo pela ineficiência direta do setor público, ou por absurdos regulatórios do setor privado.
De acordo com Jorge Luiz de Lima, Subsecretário de Ambiente de Negócios e Competitividade do Ministério da Economia, o governo federal tem a meta de reduzir o Custo Brasil em R$ 1,5 trilhão até 2022. Isto deverá ser o suficiente para alavancar o nosso país da 124ª posição para 74ª dentre os países com melhor ambiente para fazer negócios, segundo a publicação “Doing Business”, do Banco Mundial.
E para concretizar este trabalho, Lima está trilhando o caminho correto: ouvindo os representantes da iniciativa privada para mapear as prioridades de ação. Neste último dia 29 de setembro, foi a vez da FCDL-RS, junto com outras entidades representantes do empresariado gaúcho serem ouvidas.
Pelo lado do varejo, ressaltamos a importância de reduzir muito a despesa pública, com maior racionalidade administrativa e eliminação de custos desnecessários, além de nos pronunciarmos firmemente contra aspectos regulatórios – especialmente no setor financeiro – que provocam oligopólios que elevam os custos empresariais.
É a situação da concentração bancária no Brasil, além da limitação das fontes de consulta de adimplência e inadimplência; informação esta tão necessária aos lojistas que trabalham com crédito próprio e que encareceram barbaramente nos últimos anos.
Também fomos firmes em nossa posição de que a Lei brasileira chega ao ponto de incentivar a inadimplência dos devedores contumazes, o que é terrível para o ambiente de negócios. Nossas ponderações foram bem recebidas pelo Subsecretário, Jorge Luiz de Lima, o que certamente resultará em aprofundamento dos diálogos nas próximas semanas.
Importante ressaltar que uma iniciativa governamental deste porte é efetivamente inédita nas últimas décadas. Muito se falou, porém, pouco se fez!
A última ação consistentemente desburocratizante do Brasil ocorreu a partir do então Ministro Hélio Beltrão, ainda no final dos anos 70 e início dos 80. Temos a confiança que ocorrerão fortes avanços em termos de redução do Custo Brasil nos próximos meses e anos. E seremos parceiros incondicionais deste objetivo.
Vitor Augusto Koch
Presidente da FCDL-RS