Uma das principais lições de vida na direção da maturidade reside na arte de saber entender as informações que recebemos, desprovidas do viés das opiniões excessivamente passionais. Um exemplo disso é o ambiente político do Brasil, onde as polarizações são cada vez mais frequentes.
Um dado que condiz com isso foi recentemente fornecido pelos principais jornais e meios de comunicação do país, onde destacaram que a alta do emprego em maio último (32.140 vagas) é o pior resultado desde 2016, quando a recessão da época reduziu a empregabilidade do mês em questão em 72,6 mil postos de trabalho.
Quando se fala em “pior resultado”, somos levados a imaginar a ocorrência de um desastre econômico. Entretanto, a realidade não é essa!!! Nos últimos três anos, em maio, o emprego formal brasileiro subiu, respectivamente, 34.253 vagas (2017); 33.659 (2018) e 32.140 (2019).
Ou seja, visualmente não há uma alteração tão significativa de patamar, apesar da coincidência de uma tendência de desaceleração no período. Entretanto, este comportamento é circunstancial e não mostra uma tendência. No mês logo anterior (abril), o Brasil registrou recorde de criação de empregos (129.601), superando em 11,8% o resultado para o mês em 2018 e em 116,5% na comparação de 2017.
Comparando, podemos nos tranquilizar e afirmar que o indicador de empregabilidade está efetivamente crescendo no Brasil. Verdade que os resultados positivos em questão estão muito abaixo do que seria razoável para um país como o nosso, contexto este que vem predominando desde os anos 80.
Percebe-se que a equipe econômica do governo federal também compreende isso da mesmo forma e insiste na aprovação de reformas estruturais, como a previdenciária, para proporcionar uma reconquista de governabilidade orçamentária, o que pode viabilizar redução de impostos e até juros (por meio da queda da dívida pública).
Entretanto, as pressões do dia a dia levam a soluções de curto prazo, como a ideia da liberação dos saldos das contas ativas do FGTS para impulsionar o consumo. Até seria uma medida bem-vinda, porém é equivocado imaginar que isto provocaria algum tipo de solução estrutural. A analogia apropriada a este tipo de medida é imaginar um banquete em meio de uma epidemia de fome.
A “saciedade” da economia é temporária. Continuamos a insistir de que um futuro melhor e de desenvolvimento rápido, obrigatoriamente passa pelo estancamento das distorções que causaram os entraves do Brasil contemporâneo. E a principal referência do conjunto de regras que levaram nosso país à bancarrota é a Constituição de 1988.Urgentemente, devemos revisitá-la e mudá-la.
É certo de que isto mexe em interesses de várias corporações que sobrevivem às custas do dinheiro dos impostos. Não se trata de uma mera questão de escolha entre “eles” e “nós”. A situação chegou a tal ponto, que se não for corrigida, tanto “eles”, como “nós” acabaremos sucumbindo à falência do Brasil.
O Ministro Paulo Guedes mostra ter a clara consciência disto, assim como a maioria dos membros do governo federal. No Congresso Nacional, o convencimento neste sentido é crescente. Porém, um contrapeso é colocado na balança do certo e do errado: se reformas estruturais forem aprovadas, o Brasil volta a ter condições de crescer aceleradamente.
Se continuar prevalecendo entre os parlamentares a visão de que consertar o Brasil pode frustrar planos futuros de poder, não sairemos dos maus lençóis da atualidade. Que a sabedoria e o espírito cívico vençam este embate.
Acreditamos que este será o caminho escolhido; nosso dever: permanecer vigilantes.