Usando da coerência, não temos o direito de ficarmos surpresos com a queda de 0,2% do PIB brasileiro no primeiro trimestre de 2019. Não basta mudar um governo para que a roda da economia passe instantaneamente a girar em uma velocidade maior. Juros e impostos elevados, lamentavelmente, não se resolvem da noite para o dia.
O que também não se deve perder de vista é que o crescimento do setor produtivo brasileiro, nesta década, está excessivamente dependente da indústria extrativa (crescimento médio anual de 2,05%) e da agropecuária (2,91%). No momento em que estas duas atividades perderam, talvez temporariamente, sua vitalidade de expansão, a repercussão no PIB foi direta. Entretanto, esta não é a principal preocupação que deveríamos ter.
Um país das dimensões territoriais e populacionais como o Brasil deveria estar inconformado com o desempenho da sua indústria de transformação, comércio e setor de serviços cujos níveis produtivos atuais são inferiores aos patamares existentes no final da década passada.
Olhando pelo espelho “retrovisor”, a queda do PIB do primeiro trimestre de 2019, nada mais é do que a consequência de erros recorrentes de um passado de má gestão, corrupção e, sobretudo, visão equivocada da função do poder público.
Seria injusto argumentar esta mesma situação a partir do quadro político criado com a entrada do governo e legislaturas atuais, como insiste grande parte da grande mídia. É fato que a crise política ainda não é página virada. Na verdade, ela está tão crônica que nem deveria mais se chamar de crise, mas sim algo como “estado permanente de conflito partidário”.
Vejamos: quem governa o Brasil, além de alguns temas de importância secundária, defende a reforma previdenciária, o combate ao crime organizado, a liberalização da economia e outros pontos que, caso implementados, comprovadamente nos levarão a criar condições de fazer girar a roda da economia de forma mais acelerada e consistente. Mesmo a oposição dos outros Poderes da República está ficando mais branda e aparentemente migrando para um pacto de colaboração.
Afastando os dados de março, o fato de o Brasil ter batido recorde de geração de empregos formais em abril (o melhor abril dos últimos seis anos), as vendas de bens de capital estarem aumentando (ABIMAQ) e o comércio dos shoppings center terem superado as expectativas por ocasião do Dia das Mães, são aspectos que mostram que existem coisas positivas acontecendo.
É prematuro dizer que 2019 está perdido e que devemos nos preparar para 2020. O ano dos negócios está, na verdade, recém começando e há grandes possibilidades de que os resultados dos próximos três trimestres sejam bem melhores do que o primeiro.
Ao escutarmos a fala do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, em evento do LIDE RS, a esperança da reforma previdenciária ser aprovada, toma forma. a SELIC cairá do patamar de 6,5% e os níveis de investimentos produtivos crescerão. Se usarmos o “binóculo” para olhar lá na frente, não há motivos materiais para tanto negativismo.
Lógico que o futuro poderia chegar mais rápido e bem melhor, no entanto, com resiliência e foco chegaremos lá.