Impacto na renda

9 de setembro de 2020
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Palavra do Presidente

Uma das principais lições de 2020 é que todas as gerações deixam sua marca na história. O mundo muda de forma acelerada, presenteando coisas boas e também com problemas preocupantes.

Conjuntamente com o coronavírus, a recente intensificação de tensões entre países está nos tirando a tranquilidade que parecia ter sido conquistada com o encerramento da Guerra Fria, no final do século passado. O centro atual das tensões é a China, que está cada vez mais próximo das vias de fato em conflitos até então apenas potenciais com Taiwan, Índia, Japão, Cingapura, Filipinas, Vietnã, Tailândia, Coréia do Sul, Austrália, Estados Unidos, Reino Unido e mais alguns países.

Ao mesmo tempo, a Turquia também não está em seus melhores dias de relações internacionais com a Grécia, Rússia, Síria, Arábia Saudita e outros. Seria ingenuidade aceitar que tais tensões envolvam apenas antipatias recíprocas.

Existem as disputas territoriais motivadas por recursos naturais, porém palco principal destas contendas é o estabelecimento de hegemonias políticas, culturais e, especialmente, econômicas. O que não é novidade. Desde os fenícios, esta dinâmica já ocorria. Os povos inovadores em geração de tecnologia e produção buscaram ampliar seus mercados e fontes de recursos naturais.

Nem sempre isto foi visto com bons olhos pelos vizinhos. Daí surgem boa parte das guerras. Na atualidade, especialmente em relação à China, isto é a mais pura realidade. O gigante asiático, misturando o autoritarismo socialista/comunista como meio de domínio do comportamento social de seu povo, com as regras mais puras do funcionamento capitalista, quebrou recordes de desenvolvimento econômico, inundando rapidamente o mundo com seus produtos (a maioria de qualidade questionável) baratos, às custas de não dar atenção aos acordos globais de qualidade, preservação ambiental e direitos dos cidadãos.

Por outro lado, também têm seus próprios méritos retirados de sua civilização milenar e boa dose de criatividade. O ideal é que tais movimentos resultem em um acordo ou pelo menos se mantenham controlados pelo respeito mútuo entre os inimigos, temendo o poder uns dos outros, como foi na citada Guerra Fria. Neste ponto, o futuro é incerto. Os mais dramáticos podem sonhar com a III Guerra Mundial.

Entretanto, o mais inteligente é sermos práticos. Não custa lembrar que nas primeiras semanas da pandemia, o Brasil ficou sem acesso a máscaras e respiradores produzidos pela China (cujo preço multiplicou) e fármacos, quase que totalmente fabricados pela Índia.

A conclusão a que chegamos é que há a necessidade de sermos preventivos para evitar a escassez duradoura por conta de eventuais instabilidades de mercado, sejam causadas por pandemias ou conflitos. Isto vale não apenas para o Brasil, que necessita de forte impulso industrializante.

Tal constatação também deve ser vista como importante para a preservação da base produtiva de cada município, através da promoção do consumo dos produtos locais, especialmente no atual momento em que buscamos a recuperação econômica e do emprego em nossas comunidades.

Não há como ignorar que o jogo de xadrez naval no Mar do Sul da China acaba afetando as lojas de Três Coroas – RS, ou de qualquer município de nosso país, seja pelo impacto na renda dos consumidores, ou mesmo na variedade e qualidade dos produtos postos à venda.

A propósito: pelas projeções de crescimento econômico dos países feitas pelo FMI, primeiro antes, e depois, durante a pandemia, o Brasil foi a nação que perdeu o maior potencial de crescimento econômico no biênio 2020/21: iríamos crescer 4,46% no período em questão e esta previsão caiu para -2,57%. Já a China, que iria avançar 12,06% no período teve o menor impacto por conta do COVID-19, recuando sua perspectiva de crescimento para 10,50%.

Para garantir a renda é mais prático e benéfico avaliar e reparar os erros que nos levam a resultados tão modestos do que questionar os resultados de quem lidera.

 

Vitor Augusto Koch

Presidente da FCDL-RS

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