Rio Grande do Sul foi o estado que mais teve postos de trabalho extintos no setor em todo o país
Em julho, enquanto o Brasil buscava retomar sua normalidade após quatro meses de implementação das questionáveis políticas de isolamento social para conter a expansão da pandemia da Covid-19, no Rio Grande do Sul a radicalização das restrições ao funcionamento do varejo nos principais centros de consumo foi ampliada. O resultado disso é que no sétimo mês do ano o estado registrou mais uma queda no saldo de empregos varejistas, com – 402 vagas, ao contrário do saldo nacional, que apontou o incremento de 28.383, de acordo com os dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged).
– O resultado gaúcho foi o pior do Brasil e o único negativo das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. A situação poderia ter sido ainda mais grave e muitos mais empregos poderiam ter sido suprimidos, não fossem as medidas de flexibilização dos contratos de trabalho promovidas pelo governo federal – ressalta o presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul – FCDL-RS, Vitor Augusto Koch.
O mês de julho teve, no geral, um saldo positivo de 1.251 postos de trabalho no RS, graças a retomada parcial da atividade nas indústrias de base exportadora. Ainda assim, este número é pouco significativo na comparação com outros estados com forte economia, como São Paulo, que teve saldo positivo de 22.967 vagas; Minas Gerais, 15.843; Santa Catarina, 10.044; e Paraná, 8.833 vagas.
No recorte anual, de janeiro a julho, a defasagem de empregos no Rio Grande do Sul chega a 95.036 (na diferença entre 509.375 contratações contra 604.411 demissões). Os setores de serviços (-37.241) e comércio (-35977) acumulam os piores saldos no ano.
Para Vitor Augusto Koch a tímida flexibilização do funcionamento do varejo gaúcho na segunda quinzena de agosto ainda não é suficiente para reverter a situação recessiva da atividade comercial no estado. As lojas locais estão perdendo vendas para os portais nacionais de internet, a partir do poder de compra dos consumidores que conseguiram consumir, a despeito da grande queda de empregabilidade que flagela o Rio Grande do Sul.
– Ou seja, não estamos tratando de represamento do consumo para posterior compensação, mas, sim, de perda real e definitiva de vendas – enfatiza o presidente da FCDL-RS.
Talvez com a ampliação da liberdade de atuação do comércio gaúcho nos próximos dias é possível que a partir de setembro a situação melhore um pouco. Ainda assim, na avaliação da FCDL-RS, as perdas concretizadas no período entre março e agosto de 2020 serão sentidas por um longo período.