Posicionamento da FCDL-RS frente ao fechamento do comércio em regiões do RS

15 de junho de 2020
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A FCDL-RS se manifesta em oposição às sistemáticas adotadas pelo governo do Estado do Rio Grande do Sul, com relação à tentativa de contenção da disseminação da Covid-19.

A adoção da bandeira vermelha em quatro das regiões de controle sanitário a partir desta segunda feira (15/06) é mais um duro golpe no já combalido comércio varejista estadual, que tem sido o principal prejudicado pelas medidas restritivas que vêm sendo aplicadas desde março de 2020.

Reafirmamos, novamente a parceria na luta contra a disseminação da pandemia em curso, porém, de maneira funcional, o que não inclui o fechamento sumário do comércio.

A fiscalização preventiva deve estar focada em evitar aglomerações e exigir que os cidadãos usem máscaras de proteção em ambientes públicos, que as lojas devam disponibilizar álcool em gel para os clientes e limitar a sua ocupação espacial a uma pessoa para cada 1,5 m2, conforme recomendação da Organização Mundial de Saúde. Além deste esforço disciplinar, medidas mais restritivas se mostraram ineficazes para a contenção da doença.

A justificativa da bandeira vermelha, que proíbe o funcionamento da maior parte do comércio ocorre em função da insuficiente disponibilidade de vagas em UTIs nos hospitais das regiões atingidas. E a disponibilidade de equipamentos com respiração mecânica mostra ser o ponto chave da questão. Desde o início da pandemia nossos hospitais tiveram um aumento de 270 leitos de UTIs, através do repasse do governo federal de R$ 38,4 milhões, um investimento de R$ 142 mil por leito de Unidade de Terapia Intensiva.

Mesmo sendo um gasto expressivo, este investimento não chega perto do prejuízo que a economia estadual está tendo por não poder operar adequadamente, comprometendo, inclusive a geração diária de impostos estaduais em proporções bem maiores de que os R$ 38,4 milhões citados.

Sabe-se que o novo Coronavírus é altamente contagioso, mas exige tratamento intensivo em cerca de 5% dos infectados. Segundo o especialista em crises de saúde pública, médico Osmar Terra, uma pandemia começa a declinar ao atingir 70% da população, o que deve atingir, em todo o processo, algo em torno de 7,96 milhões de gaúchos, sendo que aproximadamente 398 mil destes necessitarão de cuidados mais meticulosos, com respiração mecânica. Fica claro que os 270 novos leitos de UTIs (equivalente a 0,067% dos possíveis infectados) não chega a ser estatisticamente relevante para a melhoria das condições da saúde pública do RS nesta guerra contra a pandemia.

O problema está na capacidade de atendimento hospitalar. Mesmo que o isolamento social tivesse efeito no escalonamento da contaminação, o que é cada vez mais questionável globalmente, o aumento do número de UTIs em nosso Estado foi desprezível em relação à necessidade propugnada pelas próprias autoridades estaduais.

Fechar o comércio por este motivo não resolverá, ou amenizará, os problemas de atendimento a pacientes, resultando em prejuízos muito maiores para os lojistas, seus colaboradores e toda a sociedade gaúcha.

De forma muito objetiva, só consegue ficar em casa quem tem renda para manter a despensa cheia e pagar suas contas durante o isolamento. Isto não faz parte da realidade da maioria de nossa população.

O alvo do combate ao Coronavírus não deve ser as lojas e outros estabelecimentos empresariais que não causam aglomeração. O foco é o uso de máscaras, higienização, distância mínima regulamentar e, especialmente, aumento da infraestrutura de atendimento.

 

Vitor Augusto Koch

Presidente da FCDL-RS

 

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